Wednesday, July 18, 2007

Metafísica de botequim


Acendamos o primeiro do segundo maço de Lucky Strike. Bons tempos em que eu fumava passivamente. Mas não queria falar sobre fumo: para isso, já basta o Ministério da Saúde. Hoje é dia de vícios... Entreguemo-nos a mais um.

Líquido vermelho na taça. Cor triste? Há quem prefira o amarelo. Amarelo é a cor do sol. Campos de lúpulo. Tonalidades claras e pastéis em consonância com a espuma branca que a circunda. Gosto do vinho. Sangue. Tom um tanto quanto lascivo. Alías, porre de vinho deixa as pessoas mais lascivas. O vinho é doce, ao contrário do amargor da cerveja. Cerveja é para momentos amargos. Sentia-a em minha boca e sofria, muito. A doçura conduziu-me à coisas melhores. Ria, mon ami... Homens riem das fêmeas, que buscam doçuras na vida... Nela inclui-se o próprio homem. Homens não são doces. E, claro, preferem a cerveja na sua alucinada alegação de poderem misturá-la a outras bebidas, provando sua habilidade e resistência. Vinho, não. Digamos, o vinho é mais... Possessivo? Mulheres geralmente adoram vinho. Mulheres são possessivas... Homens são infiéis. Gostam de experimentar a multiplicidade de delírios alcoólicos. Infiéis...? Ok, abertos. Chega desse palavreado patriarcal e machista, afinal, estamos em um meio artístico e intelectual, acima de picuinhas sociopolíticas.

Essa conversa me deixou ébria. Com licença, não quero demonstrá-lo aqui... Deixe-me dormir, sim? Leve-me para casa e tranque-me dentro do quarto... Amanhã continuaremos.

(da Mandita)